Funcionários do Banco Mundial pedem suspensão da indicação de Weintraub

Funcionários do Banco Mundial pedem suspensão da indicação de Weintraub - Crédito: Agência Brasil
Crédito: Agência Brasil

A associação de empregados do Banco Mundial mandou uma carta para comissão de ética da entidade criticando a indicação de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, para uma diretoria da instituição. Weintraub chegou aos Estados Unidos no último sábado, 20, dois dias depois de pedir exoneração do ministério. 

Uma cópia da carta foi enviada para todos os funcionários. A repercussão interna da indicação é muito negativa. Em certo trecho da carta, a associação pede a suspensão da indicação até que ele reveja algumas de suas declarações —como a de não aceitar o termo "povos indígenas".

Leia a carta:

Carta Aberta ao Conselho sobre o novo diretor-executivo brasileiro

A carta a seguir foi enviada ao presidente e vice-presidente do Comitê de Ética do Conselho. Refere-se à recente nomeação pelo Brasil do Sr. Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, como diretor-executivo interino da EDS15 (Brasil, Colômbia, Filipinas, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Equador e Suriname).

Caros Sr. Schoenleitner e Sra. Shuaibu,

A Associação dos Funcionários do Banco Mundial deseja chamar à atenção do Comitê de Ética da Diretoria o registro do Sr. Abraham Weintraub, que deve começar a trabalhar no Banco Mundial na qualidade de diretor-executivo interino da EDS15.

Muitos funcionários ficaram profundamente perturbados ao saber o seguinte:

De acordo com várias fontes, Weintraub publicou um tuíte de acusação racial que zomba do sotaque chinês, culpando a China pelo novo coronavírus e acusando-os de "dominação mundial", levando o Supremo Tribunal Federal a abrir uma investigação sobre acusações de racismo (crime no Brasil). Weintraub sugeriu que os juízes da Suprema Corte fossem presos.

Weintraub deu declarações públicas contra a proteção dos direitos das minorias e a promoção da igualdade racial (seu último ato como ministro da Educação foi revogar diretrizes para promover cotas para afrodescendentes e povos indígenas no ensino superior). Ele já disse odiar o termo "povos indígenas".

Embora sua indicação tenha sido condenada por vários países clientes, a Associação dos Funconários entende que a escolha deste diretor-executivo é do Brasil e somente do Brasil. Dito isto, podemos e devemos garantir que o comportamento e as ações de nossos membros efetivos modelem o Código de Conduta para Funcionários do Conselho —exigindo os mais altos padrões de integridade e ética em sua conduta pessoal e profissional— e alinhados com nossas políticas operacionais, como nossa política de povos indígenas.

Portanto, solicitamos formalmente ao Comitê de Ética que reveja os fatos subjacentes às múltiplas alegações, com vistas a (a) suspender sua indicação até que essas alegações possam ser revisadas e (b) garantir que o Sr. Weintraub seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição

O Grupo Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética do Conselho compartilhe essa visão e faremos tudo ao seu alcance para aplicá-la.

Atenciosamente,

Assembleia Delegada da Associação de Funcionários do Banco Mundial

Fonte: RomaNews/UOL em 24/06/2020 as 16h16



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