Governo do Acre estabelece toque de recolher por conta de pandemia

O sistema de saúde pública da capital, Rio Branco, já vem operando praticamente no limite. Na quarta, apenas um dos dez leitos de UTI estava vago
Reprodução Ac24h
Toque de recolher em Rio Branco (AC) (Reprodução Ac24h)

O governo do Acre decretou situação de calamidade pública e municípios do interior do Estado já têm toque de recolher. A medida de calamidade foi determinada em edição do Diário Oficial de anteontem pelo governador Gladson Cameli (PP). O sistema de saúde pública da capital, Rio Branco, já vem operando praticamente no limite. Na quarta, apenas um dos dez leitos de UTI estava vago. No total, o Estado tem 77 - 56 deles ocupados.
De acordo com o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde, o Acre tem 214 casos confirmados da covid-19. Rio Branco concentra a maior parte, 172. Outros 289 estão em análise. Dez pessoas morreram pela covid-19 desde o início da pandemia no Estado. As duas últimas mortes foram registradas anteontem em Rio Branco: um homem de 68 anos e uma mulher de 79.
No interior, a situação mais grave é registrada em Plácido de Castro, município que faz fronteira com a Bolívia. São 21 casos confirmados. Os pacientes mais graves do município são transferidos para a capital, distante 95 quilômetros.
Na segunda maior cidade do Acre, Cruzeiro do Sul, há cinco casos confirmados. No Hospital do Juruá, a unidade de referência do Vale do Rio Juruá (extremo oeste), há apenas dois leitos de UTI disponíveis para atendimento a pacientes com a covid-19. Na região, que envolve outros cinco municípios (incluindo um do Amazonas), vivem aproximadamente 200 mil pessoas.
Em cidades como Acrelândia, Tarauacá e Plácido de Castro, as prefeituras estabeleceram o toque de recolher. Ninguém pode andar nas ruas entre 20 horas e 5 horas. "Para cada caso confirmado pode haver pelo menos três não diagnosticados. Aqui no Acre certamente há entre 600 e 800 pessoas infectadas", estima o infectologista Thor Dantas. "Para cada dez, dois vão precisar ir para o hospital e para cada 40, dois podem precisar de UTI."
A situação entre os profissionais de saúde também preocupa. Em Rio Branco, sete profissionais tiveram diagnóstico confirmado para o novo coronavírus. Doze estão com suspeita de estarem doentes. "A situação é grave para os cerca de 500 profissionais da linha de frente aqui na capital", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Adaílton Cruz.
Fonte: O Liberal/Agência Estado em 24/04/2020 as 23h29

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