Bispos do Marajó cobram ao governador Helder a instalação de UTIs e de novo hospital de campanha

Os religiosos divulgaram carta aberta nesta segunda-feira, 27

Rede de saúde sem capacidade de atender a população local - Crédito: Reprodução - Extra do Pará
Rede de saúde sem capacidade de atender a população local - Crédito: Reprodução - Extra do Pará

Os bispos da Diocese de Ponta de Pedras, D. Teodoro Mendes Tavares e da Prelazia do Marajó, D. Evaristo Pascoal Spengler enviaram carta ao governador do Estado, Helder Barbalho (MDB), solicitando a implantação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva ( UTI) no Marajó para atender a população no tratamento da covid-19 e a construção de um segundo hospital de campanha no outro lado da região para atender todos os municípios locais. O arquipélago possui 16 municípios.
O governo estadual implantou um dos quatro hospitais de campanha para atender pacientes com covid-19 no município de Breves, região ocidental do arquipélago, com a finalidade de atender a população de: Breves, Anajás, Bagre, Curralinho, Gurupá, Melgaço e Portel. Porém, o lado oriental/sul da região, ressaltam os religiosos na carta ao governador, a previsão é que os doentes graves sejam enviados para tratamento na capital do Estado.  O hospital de campanha de Breves dispõe de 60 leitos.
 "Tememos que essa medida colocará muitas vidas em risco, devido ao colapso da saúde na capital paraense", alertam os dois líderes católicos do Marajó.
Os bispos pedem ao governador, que "viabilize a instalação de UTI’s nos hospitais municipais, para que em caso de necessidade, se possa atender a população nos próprios municípios, evitando assim sobrecarregar ainda mais a estrutura da capital", solicitam.
Também propõem "a instalação de um hospital de campanha com os devidos equipamentos e equipe de profissionais de saúde que atenda à região oriental/sul do Marajó (municípios de Soure, Salvaterra, Cachoeira do Arari, Santa Cruz do Arari, Ponta de Pedras, Muaná e São Sebastião da Boa Vista)". 
Situação no Marajó está ficando cada vez mais crítica
No início da carta, os bispos afirmam que estão acompanhando com bastante atenção e solicitude o enfrentamento do governo diante da crise sanitária que assola o mundo e o Brasil com a propagação da pandemia da covid-19 e manifestam apoio às medidas e ações do governo. 
Também ressaltam, que a igreja está divulgamos as medidas de contenção do avanço do vírus. "Nossas celebrações, reuniões e atividades pastorais foram todas suspensas. Estamos rezando constantemente pela saúde de todos e pelo fim desta pandemia", expõem os bispos.
Eles afirmam que a situação no Marajó está ficando cada vez mais crítica "e poderá ficar insustentável, pois tem aumentado substancialmente o número de pessoas infectadas e mortas por causa desta pandemia".
Os religiosos ressaltam ainda, que  "há pouco mais de um mês do primeiro caso de covid-19, o Pará já alcançava, em 21 de abril, 97% da utilização de leitos de UTI’s disponíveis no Estado. Em Belém a situação já era mais grave: 100% dos leitos já estão ocupados e 80% deles com pacientes suspeitos ou confirmados com a Doença (cf. Estadão, 21.04.2020). Hoje a situação está mais grave, tanto que o prefeito de Belém anunciou medidas mais rigorosas para o controle da doença", acentua o documento.
Eles afirma também, que a distribuição dos hospitais, assim como ofertas de leitos de UTI’s, equipamentos e pessoal, são decisivos para preservar a vida dos doentes. E nesse ponto, a desigualdade pode ser fatal no Marajó.
"É fato público que por falta de estrutura no Marajó, grande parte da população tem que se deslocar para Belém em navios com grande aglomeração para receber seus benefícios sociais. Tememos que este fato potencialize a transmissão do novo coronavírus no Marajó. Por isso, solicitamos a viabilização de estruturas suficientes para atender a necessidade da população no recebimento dos seus benefícios em cada município. Além disso, solicitamos que seja reduzido o número de embarcações para o transporte de passageiros, com uma fiscalização eficiente para tal. O Marajó, historicamente, foi esquecido pelos governos federal e estadual. Prova disso é que os municípios desta região apresentam os piores IDH´s do Estado do Pará e do Brasil. Tememos que, mais uma vez, o(a) cidadão(ã) paraense residente no Marajó fique relegado(a) ao descaso ou desamparado(a). Mas esperamos que não seja necessário fazer escolhas entre quem vai viver e quem vai morrer, razão pela qual fazemos este apelo à Vossa Excelência, aguardando uma resposta positiva, rápida e eficaz", complementa um dos trechos da carta.
Por fim, os bispos dizem que o governo federal tem disponibilizado recursos para ajudar a solucionar os problemas da saúde por causa desta pandemia. Por isso, sugere que o Estado solicite recursos para a construção de um hospital de campanha na região oriental do Marajó.
Também propõem que o goverador "dialogue com a Sra. Damaris Regina Alves, ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que lançou o Programa 'Abrace o Marajó'. Este é o momento crucial em que o Marajó mais necessita de um abraço afetuoso e carinhoso dos poderes estadual e federal para ser defendido e cuidado. Quem é solidário e propõe que se abrace o Marajó, neste momento não poderá ficar de braços cruzados, nem indiferente a este apelo clamoroso do povo marajoara", ressalta a carta dos bispos do Marajó ao governador paraense. Eles concluem o documento apelando à identidade católica do governador.
Fonte: RomaNews em 27/04/2020 as 21h15

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