"BOMBA" Deputado Federal Romário cita suposta manipulação de convocações da seleção e “caso Del Nero” em pedido de CPI .


O requerimento para a criação de uma CPI sobre as atividades da CBF, protocolado nesta terça por Romário na Câmara, cita uma suposta manipulação na convocação de jogadores da seleção. O intuito seria valorizar jogadores ligados a empresários.
O documento também registra a investigação da Polícia Federal envolvendo Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista e vice da CBF. A PF investiga a venda de dados sigilosos por parte de policiais para advogados.
Romário relacionou em primeiro lugar o contrato da CBF com a TAM. O pagamento era feito para empresas de Wagner Abrahão, amigo de Ricardo Teixeira. Ele pede que outros acordos comerciais sejam investigados. O deputado menciona ainda uma suspeita enriquecimento ilícito de funcionários da confederação.
Para justificar o pedido referente à uma entidade privada, o ex-jogador argumenta que o futebol é patrimônio cultural do país . Ressalta também o fato de José Maria Marin, presidente da CBF, presidir também o Comitê Organizador Local da Copa, lembrando as isenções fiscais dadas ao governo para os envolvidos no Mundial. Romário precisa de 171 assinaturas de deputados para viabilizar a CPI.
Procurada pelo blog, a diretoria de comunicação da CBF disse que só terá um pronunciamento do presidente da entidade sobre o assunto no final da tarde.
Confira o requerimento na íntegra.
Senhor Presidente,
Requeremos a Vossa Excelência, nos termos do § 3º do art. 58 da
Constituição Federal, como também dos artigos 35 a 37 do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados, a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito
composta por 20 membros e igual número de suplentes, garantida a
proporcionalidade partidária, com a finalidade de, no prazo de 120 (cento e vinte
dias), investigar irregularidades na exploração e administração do futebol nacional
exercida pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF.

Notícias recentes, divulgadas nos meios de comunicação, dão conta de
que há indícios de que a CBF tem sido utilizada como instrumento para beneficiar
seus gestores e terceiros a eles relacionados, mediante recebimento de valores
de patrocínios que deveriam ser aplicados na realização de suas finalidades.
Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo (28/10/ 2012):

“Quatro empresas de propriedade de um amigo do ex-presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, foram apontadas pela confederação como beneficiárias do
contrato de patrocínio da seleção com a TAM.
Pelo acordo, que terá validade até o ano da Copa do Mundo de 2014, a CBF
indicou as empresas do Grupo Águia, de propriedade do empresário Wagner
Abraão, para receber as cotas mensais.
O empresário já foi investigado por uma CPI e é um dos mais próximos
amigos do ex-presidente da CBF. Teixeira, que deixou o cargo em março,
comandava a entidade na ocasião da assinatura do contrato.
De acordo com um dos artigos do contrato firmado entre as duas instituições,
a CBF informa à TAM que o pagamento mensal poderá ser feito na conta de
uma das quatro empresas do grupo de Abraão e as lista.
São elas: a Pallas Operadora Turística Ltda, a Irontur Operadora Turística
Ltda, a OneTravel Turismo Ltda. E a TopService Turismo. Pelo contrato, a
TAM paga U$$ 7 milhões por ano à confederação para patrocinar a seleção
brasileira de futebol. As cotas são pagas mensalmente pela companhia

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aérea. O documento firmado entre TAM e a CBF tem ainda uma cláusula de
confidencialidade para manter o artigo em sigilo.
Na cláusula, a ‘CBF obriga-se a exigir das empresas (…) o compromisso
de confidencialidade sobre as condições do contrato.’ O acordo atual tem
validade até o final de 2014, mas já prevê a sua prorrogação até 31 de
dezembro de 2018. Neste período, a TAM vai transportar a seleção em dois
Mundiais. Além da copa brasileira, a empresa aérea cuidará dos voos dos
jogadores durante o mundial da Rússia. Na copa da África do Sul, a TAM já
havia levado o time comandado por Dunga.”

Apesar de a empresa aérea ter anunciado a rescisão do contrato de
patrocínio após a repercussão negativa na imprensa, a investigação se justifica
para se identificar o motivo pelo qual uma cláusula sigilosa do documento
obrigava a TAM a depositar os recursos na conta do Grupo Águia, de propriedade
de um amigo do Sr. Ricardo Teixeira. E, por consequência, deve-se investigar os
demais contratos de patrocínio da CBF, com a finalidade de identificar possíveis
práticas semelhantes.

Outras notícias indicam que o vice-presidente da CBF, Marco Polo Del
Nero, foi envolvido em operação da Polícia Federal destinada a para deflagrar
organizações criminosas suspeitas de vender informações sigilosas e praticar
crimes contra o sistema financeiro:

“Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol e vice da
CBF, está envolvido em uma ação da Polícia Federal que busca desarticular
duas organizações criminosas. Ainda não se sabe o que o órgão investiga
sobre o dirigente, mas a Operação Durkheim apura a venda de informações
sigilosas e crimes contra o sistema financeiro nacional.
A PF prendeu 33 pessoas e expediu outros 34 mandados de condução
coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento e depois
liberada), caso de Del Nero. O dirigente foi à superintendência do órgão em
São Paulo, prestou depoimento por cerca de 20 minutos e foi liberado. Del
Nero se disse tranquilo após prestar esclarecimentos.
Além disso, foram cumpridos 87 mandados de busca e apreensão nos
estados de São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Pará, Pernambuco e Rio de
Janeiro e 67 pessoas serão indiciadas. Segundo informações divulgadas pela
PF, a operação descobriu uma grande rede de espionagem ilegal que usava
informações sigilosas contra políticos, desembargadores, uma emissora de
televisão e um banco. A outra organização tinha como principal atividade a
remessa de dinheiro ao exterior através de câmbio sem autorização do Banco
Central.”1

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