Megaoperação prende mais de 60 PMs ligados ao tráfico de drogas no Rio.


Ação 'Purificação' foi deflagrada nesta terça-feira após um ano de investigação. Agentes são suspeitos de receber propina do tráfico na região de Duque de Caxias.


Após um ano de investigações, foi desencadeada nesta terça-feira a Operação Purificação, para cumprir 83 mandados de prisão, sendo 65 de policiais militares e 18 de integrantes da principal facção do tráfico de drogas do Estado, o Comando Vermelho (CV). Até 17h, já haviam sido presos 63 PMs e 11 traficantes. Os PMs – todos lotados no 15º BPM (Duque de Caxias) à época do início das investigações – recebiam propina dos traficantes para não coibir atividades criminosas em 13 favelas da região de Duque de Caxias, todas sob domínio do CV.

Segundo a polícia, dos 63 policiais militares detidos, 61 eram procurados na ação. Durante as buscas, dois PMs que não estavam na lista de mandados de prisão também foram presos em flagrante. Um deles estava no pátio do 15º BPM (Duque de Caxias) portando uma pistola com numeração raspada, enquanto outro policial foi preso em casa, onde guardava munição de fuzil. A polícia encontrou o material ao cumprir um mandado de busca e apreensão
A força-tarefa é formada pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), pela Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar (CI/PMERJ), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal (PF).
O Gaeco denunciou os acusados pelos crimes de formação de quadrilha armada, tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão mediante sequestro. Dos traficantes com mandados de prisão, quatro já se encontram presos, cumprindo pena por outros crimes. Também estão sendo cumpridos 112 mandados de busca e apreensão na casa dos denunciados e em batalhões da PM. Todos os presos estão sendo levados inicialmente para o QG da Polícia Militar e depois serão encaminhados para o presídio de Bangu 8.
Em entrevista coletiva na sede do Quartel General da PM, o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Claudio Varela, ressaltou que a criação da força-tarefa foi essencial para o sucesso da operação. “Foi muito importante todos os órgãos unidos no combate à corrupção. Sem isso não seria possível levar adiante este trabalho. Os maus policiais não podem manchar a imagem de uma instituição”, afirmou Varela.
O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, destacou e agradeceu a parceria entre as polícias e o Ministério Público. “Não temos como resolver o problema da segurança pública sem parcerias. Nosso problema é do bem contra o mal. Esses PMs serão expulsos da corporação”, disse Beltrame.
Investigações
De acordo com as investigações, os PMs indiciados não se limitavam apenas a receber o “arrego” (nome popular para a propina paga por traficantes) para deixar de reprimir as atividades do Comando Vermelho em Duque de Caxias: eles também sequestravam bandidos e seus familiares; apreendiam veículos do tráfico exigindo dinheiro para devolução; negociavam armas; e realizavam operações oficiais quando o pagamento da propina atrasava.
O principal alvo dos policiais era a favela 'Vai Quem Quer', mas eles agiam também nas comunidades Beira-Mar, Santuário, Santa Clara, Centenário, Parada Angélica, Jardim Gramacho, Jardim Primavera, Corte Oito, Vila Real, Vila Operário, Parque das Missões e Complexo da Mangueirinha. De acordo com as investigações, os policiais militares não tinham um comando único e dividiam-se em 11 células autônomas.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela Juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias. O Gaeco também pediu o bloqueio bancário de dois denunciados.

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