O PLEBISCITO NO ESTADO DO PARÁ.


MARABÁ (Reuters) - No dia em que os paraenses votam pela divisão ou não do Estado do Pará, o clima no município de Marabá, a 440 quilômetros (km) da capital Belém, é de tranquilidade.
Às 8 horas da manhã (9 horas no horário de Brasília), assim que foi aberta a votação, pequenas filas já podiam ser vistas no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), no bairro de Nova Marabá.
Os eleitores opinam neste domingo sobre a criação do estado de Carajás (que engloba sul e sudeste do atual Pará) e Tapajós (a oeste). As prováveis capitais, no caso de divisão, seriam Marabá e Santarém, respectivamente. Belém continuaria sendo capital do Pará remanescente, que restaria com 17 por cento do atual território e 64 por cento da população.
Gilvano Reis, que está trabalhando como fiscal no plebiscito, foi obrigado a trocar de camiseta logo no início da votação na UFPA. Reis usava uma camiseta da campanha do "não", rara de ser vista nesta área, mas a lei proíbe este tipo de manifestação de quem estiver trabalhando no plebiscito.
Já para os eleitores, o artigo 39-A permite a manifestação "individual e silenciosa".
Entre os votantes de Marabá a sensação é de se estar fazendo sua parte, ainda que as pesquisas indiquem para vitória do "não", cuja campanha se concentra em Belém.
Adinar Paixão Pereira, de 70 anos, fez questão de votar. "Temos que puxar a sardinha para o nosso lado", afirmou, mesmo acreditando na vitória do "não".
"Eu vim porque gosto de brigar no meio dos jovens... voto para os jovens, não pra mim. Se dividir, seria bom demais para a região aqui," disse, convicta.
A jovem Rosane Camargo, 30, acredita que com o plebiscito muitas coisas podem mudar na região. "A expectativa é muito grande, eu estou muito eufórica. Espero que muita gente venha votar no sim," disse.
Para Joice Lima Campos esse é um momento importante. "Estamos tendo a oportunidade de decidir, diferente de quando decidem e temos que acatar", disse ela. "Seria melhor se todas as decisões tomadas para o povo fossem perguntadas a ele".
A votação será encerrada às 18 horas (horário de Brasília) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibilizará, a partir deste horário, a apuração dos votos através do sistema Divulga, que deve ser baixado no site www.tse.jus.br.
Só em Marabá, 242 policiais militares foram recrutados para fazer a segurança durante a votação, mas nem todos os locais podem ser atendidos pela falta de efetivos.
Para toda a região sudeste do Pará foram enviados 500 policiais, segundo o tenente-coronel Edson Bentes, responsável pela região. A expectativa, segundo ele, é de que "transcorra tudo dentro da normalidade".
PROVÁVEL VITÓRIA DO "NÃO"
Na sexta-feira, foi divulgada a terceira pesquisa do Datafolha sobre o plebiscito. Nela, o índice de rejeição ao desmembramento do Pará em três Estados cresceu, sendo que 65 por cento dos paraenses são contrários à criação de Carajás (sul e sudeste) e 64 são contra Tapajós (a oeste).
Na pesquisa anterior, estes valores eram de 62 e 61 por cento dos paraenses, respectivamente. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O voto é obrigatório para os eleitores alfabetizados maiores de 18 e menores de 70 anos, e facultativo para aqueles de 16 a 18 anos, maiores de 70 anos e analfabetos.

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