PARQUE DE DIVERSÕES OPERAVA SEM ALVARÁ AO LADO DA PREFEITURA DO RIO.

      Um parque de diversões funcionou clandestinamente desde 1º de julho ao lado da sede da prefeitura do Rio de Janeiro, na Cidade Nova. Mesmo a proximidade com a sede da administração municipal não impediu o Parque Playmil de permanecer em atividade por 45 dias e até receber crianças de creches municipais. As atrações apresentavam risco para os frequentadores. Na terça-feira, morreu a segunda vítima do acidente no Parque Glória Center, em Vargem Grande, o adolescente Víctor Alcântara de Oliveira, 16 anos.
Víctor é a quarta vítima fatal do parque. No domingo, morreu Alessandra Aguilar, 17 anos, também atingida pelo carrinho do brinquedo "Tufão", que se soltou. Em junho morreu um funcionário e em 2006, um menino de 14 anos.
O engenheiro Jaques Sherique, do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ) inspecionou segunda-feira o Playmil e encontrou irregularidades. "Brinquedos sem a fixação ideal, com má conservação, fios desencapados pelo chão e isolados com saco plástico. Se chover, a área ficará em condição de choque elétrico elevado, podendo até matar uma criança", disse.
Sem a documentação exigida, a gerente do Playmil, Andréa Velasco, argumentou que uma prova de que o parque teria autorização é que "todas as quintas-feiras o parque funcionava exclusivamente para receber crianças de creches do município que eram trazidas aqui para se divertir".
Segundo a Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop), o pedido de alvará do Playmil foi negado. O órgão só não soube explicar como funcionou ilegalmente tanto tempo tão próximo à prefeitura. A ordem para desmontá-lo só chegou na terça-feira, mais de 30 horas após a Seop ser questionada sobre a irregularidade.
O Crea-RJ também vistoriou outro parque em São João de Meriti, liberado pelo engenheiro Luís Soares Santiago, responsável por laudo do Glória Center. Os brinquedos ainda estavam sendo montados, mas o laudo já estava pronto. Santiago foi indiciado por falsidade ideológica e poderá responder pelas mortes. O Crea analisará os 1.600 laudos emitidos por Luís para parques nos últimos 10 anos. Os que ainda estiverem em vigor serão suspensos.
A dona do Glória Center Parque de Diversões, Maria da Glória Pinto, e seu filho, Leandro Pinto, foram indiciados por dois homicídios dolosos (com intenção de matar) e também por lesão corporal. Eles passaram quatro horas na 42ª DP (Recreio), mas se recusaram a prestar depoimento.
Na saída, Maria da Glória gritou "Não sou assassina! Foi uma fatalidade. O brinquedo tinha um defeito inexplicável". Também foi ouvido um sócio de Maria da Glória, que tinha 20% da participação no parque. Ele afirmou que não andaria no brinquedo que quebrou.
"Não morreu só minha filha, morri eu, minha mãe", contou Carlos Augusto Aguilar, pai de Alessandra, na delegacia.

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