DIVISÃO DO PARÁ, VOCÊ É CONTRA OU A FAVOR ?

         Paródias das tradicionais marchinhas de carnaval emitidas por dois trios elétricos estacionados em frente à Assembleia Legislativa do Pará (AL) já anunciavam o clima que tomava conta do auditório João Batista, na tarde de ontem.
Durante o lançamento da “Frente em Defesa do Pará contra a criação dos Estados do Tapajós e Carajás”, senadores, deputados estaduais e federais defenderam a não divisão do Pará focados na importância da participação popular. De acordo com o coordenador da frente, o deputado estadual Celso Sabino (PR), a proposta é de que haja a união da frente parlamentar com outras já criadas para defender a não divisão.
“Estamos tentando unificar várias frentes porque no final só vai poder ficar uma”, disse ao também destacar a participação popular. “Essa campanha vai ser do povo, porque se o povo não fizer parte dessa frente, não vamos poder fazer nada”.
De acordo com o coordenador da Frente “Não Carajás”, Sérgio Pimentel, a participação da sociedade civil ainda será definida a partir da divulgação da resolução definitiva pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas a integração da população à frente definitiva já é encarada como uma estratégia. “Estamos esperando que se abra para maior participação popular porque se a população não se engajar, os separatistas vão ter mais força”, acredita.
Dentre os participantes da população que ele acredita que farão parte da frente, estão lideranças comunitárias, associações e representantes de movimentos sociais.
Por enquanto, a frente lançada ontem conta com a participação de 15 parlamentares de diferentes partidos políticos. De acordo com Celso Sabino, 31 dos 33 vereadores de 18 legendas partidárias também já se uniram à frente. “Tem uma passeata contra a divisão que está sendo toda orquestrada pela internet para o dia 21 de agosto”, adianta.

Articulação envolve empresariado

À noite, a Frente Suprapartidária em Defesa do Pará realizou, pela primeira vez, uma reunião ampliada com lideranças políticas e empresários de todo Estado, na Associação Comercial do Pará (ACP), a fim de discutir a campanha que deve mobilizar a população contra a divisão territorial e política do Pará.
As articulações das frentes contra e a favor já iniciaram, mas a campanha oficial inicia no dia 13 de setembro.
O deputado federal licenciado e presidente da frente, Zenaldo Coutinho, crê que o estudo socioeconômico e ambiental realizado em parceria pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) e Universidade Federal do Pará (UFPA) vai ajudar a esclarecer a população. “Esse estudo é fundamental e mostrará as consequências da divisão”.
Outra preocupação da frente é a verba destinada à campanha. “O movimento de Carajás está com uma campanha milionária. Vamos exigir do Tribunal Superior Eleitoral que seja definido um limite de gastos para campanha”, diz Zenaldo.
Entre os fatores que a frente questiona, estão as perdas do Pará com a divisão. “Grande parte da riqueza mineral está concentrada na região onde seria o Estado de Carajás. A perda que o Pará irá sofrer será imensurável”, afirma o presidente da comissão da Câmara Municipal de Belém contra a divisão, Abel Loureiro.

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